terça-feira, 30 de novembro de 2004

Noite na Escócia

Curioso, como uma melodia nos pode dar a ver uma imagem,
nítida de acordes, sentida de emoções saudosas, quente de um inverno rigoroso;
por entre uma verdade de tristeza e perda, escuridão e saudade profunda.
Longe de casa, mas acima de tudo longe daquele céu que já fazia parte da minha noite.
Primeira noite, olho o céu, e vejo...nada.
Segunda noite, olho o céu...nada.
Terceira, quarta noite...nada.
Parecia que uma única nuvem cobria o manto de estrelas que sem ter força e brilho suficiente para renascer daquele cinza triste, se entregavam sem luta. Manto que ao longo de vários dias...nunca vi.
As estrelas fazem-me falar, e aquele cenário silenciava-me. Queria a minha vista , aquele lençol luminoso que cobre o rio e beija Lisboa com o seu brilho nocturno, fazendo-a acordar numa noite que convida a dançar em cada esquina, em cada beco; despida de preconceitos, sem medos, confiante do seu sorriso.
Lisboa sorri a quem a espreita, adormece quem nela se deita, e devora os amantes com um luar hipnotisante, estremece os mais distraídos, acalma quem não encontra paz. Lisboa bebe-se, sente-se, escreve-se, envaidece os mais desleixados.
E nela queria pousar, ser devorada e nela escondida daquele mundo.
Saudade...

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