quarta-feira, 27 de julho de 2005

BALLET GULBENKIAN

Ballet Gulbenkian faz parte desse passado, e apenas poderei dizer que tenho pena que fechem as portas a tantos sonhos que fazem a Gulbenkian ser a mais bonita companhia de dança em Portugal, com a qual cresci aprendendo a exigir o melhor de mim...

Passado


De um passado nasce, sempre, esta minha lágrima.
A verdade é que hoje sei que nunca terei a felicidade de dançar...
Esta verdade trespassa-me, e faz-me acreditar que um dia vou conseguir assistir à perfeição de um bailado, assim, de uma vez só, sem pausas, sem faltas de ar, com a certeza que apesar de não mais me rever naquele passo, naquela pirueta, na fita tão apertada da sapatilha, um dia poderei contar aquilo que não fui, à minha filha. Sem lágrimas.
Sei que nem todos podem dizer que já amaram fazer o seu trabalho, eu sei.
Sei a falta que me faz esse amar.
Sei que nem que seja por breves instantes, sonharei nessa felicidade, todos os dias.
E por ela, choro.
Quando sinto falta desta poesia, venho aqui desabafar, para mim mesma, sem esperar que me ouçam, como sempre foi. E sinto-me mais perto da imaginação, da criatividade, da tentativa de atingir um pequeno paraíso de palavras e sons que no silêncio transmito, calando assim a minha consciência, pelo menos por mais uma noite, e dormir sabendo que de manhã tudo será diferente deste momento. Que a criação morre entre quatro paredes não permitindo ser...
E assim vivo fechada...numa lágrima!